Um
dos argumentos utilizados pela Administração Superior do Ministério Público do
Estado do Pará – MPPA, balizado pelos estudos da Assessoria de Planejamento -
ASPLAN, para não estender o adicional de 10% aos servidores cujos cargos foram
criados em 2012 e nomeados a partir de 2013 é a falta de dinheiro no MPPA,
considerando a conjuntura de crise econômica nacional e internacional.
A
primeira resposta que os servidores precisam dar é: “MENOS... menos...”
Temos
acordo que o país está envolvido em uma grave crise econômica, política e
social. Mas daí o Governo Federal dizer que não há dinheiro para manter os
programas sociais, garantir mais investimentos em Saúde, Educação e Segurança
ou para conceder reajustes salariais aos servidores públicos (apenas para repor
as perdas com a inflação), vai uma LONGA distância.
Uma
breve olhada no orçamento geral da União revela que em 2014, assim como em anos
anteriores, METADE de tudo o que o país arrecada foi destinado ao pagamento de
juros e amortizações da dívida pública. É como se uma família devesse a um agiota
METADE de seu salário mensal e privilegiasse o pagamento ao agiota em detrimento
da manutenção das condições básicas de saúde, educação, alimentação,
vestimenta, segurança, etc, dos seus filhos. É possível uma família sobreviver
assim? Um país também não!
Ou
seja: dinheiro TEM! Mas qual a prioridade de seu uso? Para se ter uma ideia do
tamanho do problema: com a realocação de apenas 10% do valor destinado ao
pagamento dos banqueiros o Governo Federal poderia DOBRAR o orçamento da Saúde.
Aumentar 100% o valor anual com gastos em Saúde. É possível? Os números mostram
que sim. Mas precisa-se de decisão política para tal. Ressalte-se que a dívida
pública NUNCA foi AUDITADA, apesar de estar previsto na Constituição Federal de
1988.
Voltando
ao MPPA e a suposta “crise financeira”. Uma breve olhada no Portal da Transparência
nos dá diversos números que contradizem a afirmação de que “não temos dinheiro
suficiente” para incorporar o adicional de 10% a TODOS os servidores EFETIVOS.
No
quadro “Demonstrativo da Despesa com Pessoal”, relativo ao período de 12 meses
entre maio/2014 e abril/2015 (o mais recente publicado), observa-se que o gasto
com pessoal, incluindo membros, servidores, comissionados e terceirizados,
atinge o patamar de 1,58% da Receita Corrente Líquida – RCL do Estado. Nosso
limite legal é de 2%. Estamos gastando menos R$ 64 milhões do que a Lei
permite.
Então,
é perfeitamente LEGAL, sob o ponto de vista orçamentário, a INCORPORAÇÃO ao
vencimento-base, incluindo daqueles servidores que não o recebem em razão de
decisão do atual gestor, o Procurador-Geral de Justiça – PGJ Marcos Neves, que
determinou o não pagamento do adicional de 10% aos servidores que ingressaram
no MPPA a partir de 2013. Segundo dados da ASPLAN, utilizados na última reunião
do Colégio de Procuradores de Justiça – CPJ, o custo da manutenção do adiciona
de 10% para 769 servidores (efetivos e comissionados) é de aproximadamente R$ 8
milhões/ano e o custo para a extensão aos 407 servidores que não o recebem
seriam na ordem de R$ 4 milhões/ano. Considerando o limite estabelecido pela
Lei de Responsabilidade Fiscal, estendendo-se a todos os servidores, se atingiria
o patamar de 1,61%, sobrando ainda R$ 60 milhões para o limite máximo.
“Mas
o Governo do Estado não está repassando o valor devido ao MPPA. Está repassando
a menos”, contra-argumentam. De fato. Se buscarmos informações no Portal da
Transparência (quadro “Receitas Próprias”) observar-se-á que no período de
janeiro a agosto de 2015 foram repassados R$ 256 milhões do montante de R$ 402
milhões previstos para os 12 meses de 2015. Mas também é fato que há “em caixa”
o montante de R$ 99 milhões (quadro “Balanço Patrimonial 2014”), sendo que pelo
menos R$ 83 milhões referem-se a repasses do governo estadual de anos
anteriores que não foram gastos pelo MPPA. E se o governo estadual não cumprir
a Lei e não repassar o valor correto ao MPPA, previsto para 2015, o “Fiscal da
Lei” pode interpor uma Ação Civil Pública para obrigar seu cumprimento.
Aí
voltamos ao comentário feito anteriormente sobre a crise econômica, política e
social: dinheiro TEM! Mas qual a prioridade de seu uso? Lembrando-se que
estamos falando de R$ 4 milhões/ano, conforme informado ao CPJ.
O
SISEMPPA entende que é perfeitamente possível, sob o ponto de vista legal,
orçamentário e financeiro, a elaboração de um anteprojeto de lei que INCORPORE
o adicional de 10% a TODOS os servidores efetivos, inclusive com o pagamento
retroativo daqueles que não o recebem desde 2013. Basta vontade política
para isso.
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