Sindicato
dos Servidores do
Ministério
Público do Estado do Pará
CARTA ABERTA À
POPULAÇÃO.
Direitos NÃO se negociam!!!
Progressão Funcional, Já!!!
Nos
dias 09 e 10/04/2015 o Ministério Público do Estado do Pará – MPPA estará
organizando um “Simpósio preparatório à posse do PGJ”, o qual estranhamente não tem como público-alvo os servidores
EFETIVOS do Órgão, à exceção dos ocupantes do cargo de Analista Jurídico. Essa
informação está explícita no convite disponibilizado na internet pelo Centro de
Aperfeiçoamento Funcional – CEAF.
Estranho
e LAMENTÁVEL saber que o MPPA não se preocupa em debater com seus servidores
temas como “o papel do Ministério Público nas garantias dos DIREITOS
fundamentais”. Seria porque o MPPA não garante os direitos de seus próprios
servidores? Deve ser isso. Seria constrangedor,
no evento que marcará a posse do Procurador-Geral de Justiça, constatar que o
anfitrião não respeita as Leis que ele próprio deveria fiscalizar.
No final de 2014, durante evento
realizado no auditório do Edifício-Sede, dois diretores do SISEMPPA, em uma
ação pacífica e silenciosa (inclusive com uma mordaça preta), abriram uma faixa
onde se lia: “se o Ministério Público do
Estado não garante os DIREITOS de seus próprios servidores, como vai defender
os DIREITOS dos demais membros da sociedade?”. A resposta da Administração Superior
do MPPA foi dura e incisiva: por meio da Assessoria Militar, os manifestantes
foram RETIRADOS À FORÇA de dentro do prédio daquele que tem como “missão constitucional a defesa da ordem
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis”. Jogados na rua, os sindicalistas
continuaram a manifestação, conforme o registro fotográfico ao lado.
Passados
mais de 30 anos após o fim da ditadura civil-militar, a realidade nos mostra
que ALGUNS gestores ainda não se acostumaram a respeitar a DEMOCRACIA. Mas nós
fazemos questão de lembrar-lhes que os DIREITOS conquistados nas RUAS são mais
difíceis de serem derrotados.
Mas
que DIREITOS são esses que estão sendo VIOLADOS pela atual gestão do MPPA?
São
vários: denúncias de assédio moral e assédio sexual; redução de salários
(vencimento-base); não concessão de promoções funcionais, atrasadas desde 2013;
revogação de portarias que haviam concedido promoções funcionais; precarização
do trabalho; criação de cargos e nomeação de servidores sem concurso público;
não cumprimento de sentença judicial; novas “interpretações” de leis para
prejudicar os servidores; pagamento de gratificações diferenciadas e sem
critérios claros; descumprimento de acordos; decisões autoritárias sobre plano
de cargos e carreira; transferência de servidores por perseguição política,
dentre outros.
E
talvez, o mais grave: a violação da LIBERDADE
de EXPRESSÃO e a instituição de um regime de MEDO entre os servidores. Como
cantou Chico Buarque, “a minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro
chão”.
Seria
isso tudo um exagero dos servidores e do sindicato? A realidade mostra que não. Vejamos o
caso das promoções funcionais atrasadas (desde 2013). No início de
dezembro/2014 o então PGJ (que assumiu por dois meses em razão do impedimento
do candidato à recondução, nas eleições internas do MPPA) editou duas portarias
concedendo as promoções funcionais a diversos servidores, seguindo o que
determina a Lei nº 5810/94 (RJU) e com o parecer favorável das assessorias de
Planejamento e Jurídica. Dias depois, ao reassumir o posto de Procurador-Geral
de Justiça, o atual gestor emitiu a portaria nº 7979/2014-MP/PGJ, REVOGANDO as
progressões funcionais, que inclusive já haviam sido pagas no contracheque do
13º salário.
Alega
o atual gestor a inexistência de vagas, conforme sua “nova interpretação” da
Lei 5810/94, apesar do próprio já ter assinado várias portarias, em 2010 e
2013, seguindo outro entendimento. Um detalhe: as vagas que ele quer criar
dependem de uma aprovação FUTURA de um novo PCCR, sendo que as promoções
revogadas referem-se aos períodos de 2009-2013. Ou seja, pretende “criar uma
nova lei” com efeitos RETROATIVOS a mais de 4 anos. E isso está ocorrendo no
Órgão responsável por fiscalizar o cumprimento da Lei.
Não
bastasse esse absurdo, o atual gestor determinou a suspensão do pagamento de
promoções funcionais que já haviam sido incluídas a mais de um ano nos
contracheques de cerca de 80 servidores, devido a um erro administrativo que
poderia ser facilmente consertado, uma vez que há parecer FAVORÁVEL da
Assessoria Jurídica da PGJ datado de abril/2013. Sabem aquele princípio da IRREDUTIBILIDADE salarial? Esqueçam! No Ministério Público do Estado do Pará ele
não existe mais. Para os céticos, busquem essa informação no Portal da
Transparência do MPPA. Ela está lá, em que pese a falta de atualização do
Portal, a dificuldade de localização de informações e os dados conflitantes.
Aliás, esse é mais um direito NEGADO no MPPA: a Lei de Acesso à Informação.
Mesmo
com todos esses ataques o sindicato tem se colocado à disposição para o
diálogo, na busca pela garantia dos direitos e valorização dos servidores, bem como
na defesa de um Serviço Público de QUALIDADE, que atenda as demandas da
sociedade. Infelizmente o atual gestor deu mais uma demonstração de que não
anseia a boa convivência com os servidores.
Prova
disso é que em meados de março/2015 o PGJ assinou o ofício nº 129/2015. Em
nossa opinião, uma lamentável tentativa de impedir que os membros do Conselho
Nacional do Ministério Público – CNMP continuassem seguindo o voto FAVORÁVEL do
Relator em um Procedimento de Controle Administrativo (outros 3 Conselheiros já
votaram a favor) no qual o sindicato
requer ao CNMP que determine ao MPPA que CUMPRA a Lei 5810/94,
efetivando as progressões funcionais dos servidores. Nesse ofício, o atual PGJ
pede o arquivamento da ação, numa clara manifestação de RUPTURA unilateral do
diálogo com o sindicato e servidores.
Mais
lamentável ainda é que nesse ofício (um documento oficial de um Órgão Público)
a Administração Superior do MPPA presta informações INVERÍDICAS ao CNMP. Afirma
que TODOS os servidores tem sido reclassificados, sem que os pressupostos
legais venham sendo observados, como a avaliação de desempenho e a
disponibilidade orçamentário-financeira. Ora, é fácil provar o contrário,
bastando acessar o portal da Transparência e ver, por exemplo, que os
servidores nomeados em fevereiro/1995 NÃO ESTÃO na mesma classe/nível de
carreira, evidenciando que nem todos tem sido promovidos pois estão tendo seus
desempenhos avaliados, conforme os critérios definidos em lei.
Afirma
que somente os critérios de assiduidade e qualificação tem sido observados, o
que também não é verdade e é facilmente provado, bastando ler as portarias
emitidas pelos ex-PGJ’s. Afirma que diferença entre a remuneração inicial e
final da carreira é idêntica (em termos percentuais) para TODOS os cargos
(outra inverdade). Diz que os salários dos servidores inviabilizarão
financeiramente o MPPA daqui a 39 anos, mas não apresenta um estudo que
comprove isso, nem considera nessa análise que o salário de um Procurador de
Justiça passou para R$ 30 mil em janeiro de 2015, tendo os Promotores de
Justiça também seus salários reajustados em 14,5%.
Essa é apenas uma pequena amostra do que
ocorre entre as quatro paredes do MPPA. No próximo dia 10/04, o atual gestor
estará tomando posse para um novo mandato, de 2 anos. E, considerando os tempos SOMBRIOS em que vivemos no MP,
encerramos essa carta lembrando novamente a música e a poesia de Chico Buarque:
“Você que inventou a tristeza / ora, tenha a fineza / de desinventar (...) Inda
pago pra ver / o jardim florescer / qual você não queria (...) Você vai ter que
ver / a manhã renascer / e esbanjar poesia / Como vai se explicar / vendo o céu
clarear / de repente, impunemente / Como vai abafar / nosso coro a cantar / na
sua frente (...) Apesar de você / amanhã
há de ser / outro dia”.
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